Meu brasileiro preferido
Em casa, eu, que não sou boba, segui as instruções do enólogo. No nariz, o vinho me lembrou couro mesclado a um balsâmico sutil, sem nada de fruta. Cheirinho de italianos maduros, mal simplificando a coisa. Uns 20 minutos depois, uma distante geleia de morango visitou minha taça.
Aromas vinham, desapareciam, e essa inconstância me deixava confusa e insegura quanto à análise que pretendia fazer.
Mais adiante, notas delicadas e distantes de frutas secas. Não reconheci nada de Cabernet Sauvignon nele, talvez porque o processo de passificação tenha dado um novo caráter ao vinho. O DMD é persistente e devolve ao final do gole um leve amargor, como vindo de um tostado, apesar de não ter passagem por madeira. Pode?
A presença do álcool no nariz não foi embora mesmo com as 10 horas de decantação, e se intensificou no paladar com o risoto de funghi, bacon e calabresa com o qual harmonizei o DMD. Talvez por causa do sal de todos esses ingredientes juntos, somado ao do parmesão da finalização. Sal e taninos se odeiam! E confesso que, louca por pimenta que sou, talvez tenha exagerado. E aí, a boca pega fogo mesmo!
Resumindo, um Cabernet de corpo médio, elegante, que me lembra mais um Ripasso que um Amarone, e com uma acidez que o mantém em grande forma mesmo aos NOVE anos de idade! E por um valor de Casillero del Diablo no Pão de Açúcar!
Débora Portela . 19 de janeiro de 2016
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